Apressada, ‘noiva de BH’ enfeita e encanta a Praça da Liberdade e Belo Horizonte

A primavera, período de floração, começa oficialmente às 16h21 do dia 22 de setembro, mas no final deste inverno, a paisagem mineira está dominada pelo verão. A novidade cromática mais recente está na floração do ipê-amarelo, árvore símbolo do Brasil, e do branco, raridade da espécie que ocorre apenas uma vez no ano. Na Região da Pampulha e na Praça da Liberdade, na Centro-Sul de Belo Horizonte, lentes e telas dos celulares estão a postos para registrar a cena urbana. “Costumo dizer que esta árvore, com a copa toda branca, é a ‘noiva de BH’”, brinca Jussara Márcia Silva Fernandes, recepcionista do Centro de Arte Popular (CAP), que fica na Rua Gonçalves Dias, no Circuito Liberdade. Especialistas afirmam que, com a antecipação do tempo quente, o ipê-branco floresceu rapidamente. Assim, “a noiva de BH” chegou mais cedo e já está no altar da natureza à espera dos olhares cheios de encantamento. No início da tarde ensolarada de ontem, Jussara Márcia aproveitou a hora do almoço para fotografar o ipê-branco da Praça da Liberdade. “Todas essas árvores são exuberantes e valorizam muito a cidade. Sou de Nova Lima (na Grande BH), que tem o ipê-amarelo como símbolo, e na vinda diária para o trabalho fico contemplando todas essas belezas do cerrado”, destacou a recepcionista. Casada e mãe de Gabriela, de 27 anos, Bruno, de 24, e Maria Eduarda, de 10, Jussara contou que sempre conversa com os filhos sobre a preservação: “A caçula gosta muito das plantas, sabe da importância do meio ambiente e se preocupa demais com os incêndios florestais”. Também na Praça da Liberdade, a estudante de arquitetura e urbanismo Juliana Vilas Boas, moradora do Bairro Floresta, na Região Leste, se mostrou impressionada com a rapidez com que as flores do ipê-branco caem: “Passei aqui ontem (quinta-feira) e ele estava cheio. Agora, já tem menos flores”. A estudante mantém o costume de fazer registros da cidade por prazer e para postar nas redes sociais. “Nesta época dos ipês, a cidade fica bem bonita.”

Beleza efêmera

Quem caminhar pela cidade certamente vai descobrir um ipê para admirar. Mas é bom não perder muito tempo. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)/5º Distrito de Meteorologia, em Belo Horizonte, há previsão de chuvas para segunda-feira na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com ocorrência na semana que vem de pancadas nas regiões Sul, Oeste e Triângulo do estado. O “refresco” nesse calorão provoca também a queda das flores que tanta leveza trazem às cidades e estradas. Ainda de acordo com os meteorologistas, o ar seco vai continuar predominando, com chuvas mais abundantes de outubro a dezembro.

Variedade

Segundo a Secretaria Municipal Meio Ambiente de Belo Horizonte, há cerca de 29 mil ipês plantados na cidade, distribuídos  nas espécies: amarelo, branco; do cerrado, mirim, rosa, roxo, sete-folhas, tabaco e verde. Os técnicos explicam que as cores da flor atraem diferentes tipos de polinizadores. Dados do Inventário de Árvores mostram que o ipê verde (Cybistax antisyphilitica) é o de cor mais rara, podendo ser encontrado na Região Centro-Sul da capital. Já a mais comum é o ipê-rosa (Tabebuia rósea). Especificamente sobre o branco, os técnicos informam ser uma árvore típica das estações secas. Nesta época, ela perde folhas e floresce, portanto contemplar tal espetáculo da natureza só mesmo uma vez no ano, entre setembro e outubro. Os ipês, em qualquer tonalidade, podem chegar a 15 metros de altura, tendo a copa em formato piramidal e boa adaptação em BH, cujo clima é propício à floração.

Patrimônio

Admirador dos ipês, o professor de botânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), João Renato Stehmann, diz que eles poderiam ser plantados em maior quantidade. “São muito bonitos, e deveriam ser reconhecidos como patrimônio da cidade. Estão para BH como as cerejeiras para o Japão”. Segundo o professor Stehmann, a floração dos ipês, em BH e região, começa em maio: “Não é que tenha a ver com o frio. Ocorre que nossa estação seca é no inverno, quando as árvores perdem as folhas e completam seu ciclo de gerar flores, frutos e sementes”, explica. Sobre as cores, o botânico diz que há muita variação na coloração. “O branco, por exemplo, tem muitas variações de um tom, que pode também chegar ao rosa.” Em Minas, há mais de 20 espécies, e sempre é bom lembrar que, se existe admiração, há também os grandes inimigos, entre eles os seres humanos inescrupulosos. Com motosserras ou fogo, destroem em segundos o valioso patrimônio ambiental.

NO TOM DA FLORAÇÃO

Veja em que meses é possível ver a floração dos ipês de acordo com a sua coloração: » Ipê-roxo e rosa – florescem em junho e agosto » Ipê-amarelo – em agosto e setembro » Ipê-branco – em setembro e outubro Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente de BH